Para onde vão os telefones, computadores, microondas ou geladeiras velhas? O que acontece com esses aparelhos uma vez que foram jogados fora, ou até mesmo levados para “reciclar”?. O caminho exato percorrido por nossas ex-objetos não é claro, mas o que é certo é que há vários lugares no mundo onde toda essa tecnologia se acumula durante anos fazendo esses  locais tão contaminados quanto as próprias áreas de extração ilegal de produtos como petróleo, urânio e outros recursos altamente poluentes.

Agbogbloshie é um microcosmo dentro de Gana. O velho do rio Densu que atravessa esta área exala morte e emite odores nauseabundos. Este bairro periférico, que pode ser alcançado a pé do centro da cidade de Accra, tornou-se um novo cemitério para os milhões de computadores, televisores, impressoras e telefones celulares, chegados descontroladamente da Europa e dos EUA cruzando as fronteiras porosas deste país do Oeste Africano.

 

Esta área é como o fim do mundo. Tudo é tóxico e poluído: o solo, a terra, o ar e a água. Mike Anane repete constantemente.

Ele é um ativista ambiental que passou mais de sete anos tentando denunciar as consequências ambientais e sanitárias derivadas da acumulação de toneladas de escombros eletrônicos (“e-waste”), no subúrbio.

Em Agbogbloshie há contaminação por chumbo, cádmio e outros elementos prejudiciais a saúde que são mais de 50 vezes o nível de contaminantes livre de risco segundo a Green Cross Switzerland” e o “BlackSmith Institute“.

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De acordo com o mesmo relatório da “Green Cross Switzerland”de 2013 – Gana importa anualmente cerca de 215 mil toneladas de lixo eletrônico, principalmente da Europa Oriental. Destes, cerca da metade pode ser reutilizado imediatamente ou reparado e vendido, mas a outra metade precisaria de altíssima tecnologia para ser reciclada de uma forma adequada.

  Monitores velhos são usados ​​para construir pontes. A região é uma das 10 maiores ameaças tóxicas do mundo junto com Chernobyl.

Para os países mais desenvolvidos é muito mais barato se livrar do lixo em algum porto Africano remoto do que seguir rígidas regras de reciclagem que eles próprios criaram entre si, mas que quase ninguém quer cumprir. Para os receptores, por sua vez, esta é uma suposta fonte de “riqueza”. Uma solução que é conveniente para muitos mas que nunca será justa.

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