Muitas pessoas quando ficam sabendo que sou professora de yoga, me perguntam sobre as mudanças que eu tenho realmente percebido em mim graças à prática de yoga.

Como praticante e professora há mais ou menos uma década, quis resumir em alguns pontos concretos e evidentes que claramente percebi que mudei, cresci e evoluí.

Estes pontos não representam só força muscular, flexibilidade e conhecimentos filosóficos.
  

1. Consciência corporal e espiritual


Desde o início da minha prática de yoga, a primeira coisa diferente que percebia logo após as aula sera que não ficava com vontade de comer coisas pesadas.

Quando comecei a praticar, não era vegetariana nem interessada em uma alimentação nutritiva e balanceada. 

Mas logo após uma aula de yoga o único que eu queria saber era de uma salada, fruta ou algum suco.

Com o passar do tempo, a prática de yoga foi me colocando no caminho autodidata em muitas coisas, dentre elas a alimentação saudável, depois o vegetarianismo, depois o veganismo, depois a alimentação viva.

Hoje em dia sem me etiquetar rigorosamente em nenhum destes estilos (vegana e alimentação viva em casa, vegetariana na rua), consigo interpretar meu corpo muito mais sutilmente do que antes de praticar yoga.

No caminho yoguico, o processo de evolução da consciência acontece mesmo, e não só por ter conseguido vivenciar a percepção de meus estados mentais a cada dia…

As mudanças acontecem na configuração biológica do cérebro, segundo estudos científicos, a pratica de Yoga e Meditação gera mudanças na biologia do cérebro e do sistema nervoso.

Então, pratico yoga para me expandir fisicamente, mentalmente e espiritualmente, para perceber estados mais sutis de consciência, ter atenção plena do momento e gerar benefícios a todos os seres

 2. Atitude positiva


Durante minha prática de yoga através dos anos, comecei a perceber como depois de cada aula ficava muito feliz, sorrindo pra todo mundo e querendo falar “namastê” até para as árvores.

Depois descobri que a dose de endorfina liberada durante os asanas (posturas de yoga) era a responsável.

Mas não fiquei nesse nível de explicação, pois fui vendo como uma atitude positiva ia preenchendo cada vez mais tempo do meu dia a medida que minha pratica era mais constante.

Minha explicação para isso, a respiração (pranayamas):

Além de oxigenar devidamente o nosso corpo através de respiração adequada durante a pratica de yoga, a respiração é o centro da nossa existência, a fonte de energia vital com o que agora sei que posso preencher-me durante o dia todo com essa inesgotável fonte de energia.

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3. Concentração


Eu ainda era estudante nos primeiros anos do curso de arquitetura na Universidade Autônoma do México quando comecei uma prática mais constante de yoga.

Apesar de ter uma “vida leve” de estudante, eu vivia perdida no tempo/espaço, muitas vezes esquecia os dias de entrega das tarefas, outras simplesmente perdia o foco da palestra ou da lição ensinada.

Percebi, que, com o tempo, graças à prática, fui focando muito mais nas coisas que queria fazer naquele momento.

Eu comecei melhorando notas, depois ganhei uma bolsa pra estudar no exterior e logo comecei estudar 2 línguas ao mesmo tempo, me tornando fluente em 4 línguas (espanhol, português, inglês, italiano).

 

4. “A melhor versão de mim mesma”


Imagine uma adolescente com cara de poucos amigos, eu era assim, tudo estava errado e “não era meu estilo” mas eu nem sequer sabia o que era “estilo”.

Hoje, não poderia dizer que foi a idade que me ajudou descobrir o que eu realmente queria fazer da vida, o que me fazia realmente feliz e meu real talento. 

E yoga me ajudou a descobri minha vocação: Yoga.

E após descobrir essa vocação, entrei realmente de cabeça nos estudos dessa vasta ciência-filosofia-prática.

Fui para Dharamshala, ao norte da Índia, aos pés dos Himalaias e me certifiquei pela Yoga Alliance como professora de yoga.

Meu intuito e missão de vida é transmitir essa ciência milenar a outras pessoas e provocar as harmonização integral em suas vidas, através dessa maravilhosa prática-ciência-filosofia chamada Yoga.  

Muitas vezes não faço uma invertida perfeita por vinte e poucas respirações profundas no ritmo da contagem cadenciada de Shri K Patthabhi Jois.

Principalmente quando se tem uma criança pequena lhe demandando ou te beijando.

Mas Yoga não te exige isso, cada um tem seu tempo, seu dia, seus momentos e a prática respeita tudo isso e sempre frisa para não gerar violência ao seu próprio corpo, tudo tem seu tempo. 

 

Yoga está muito além da perfeição estética.

 

Atualmente estou trabalhando muito no parado de mãos e me encontro sempre falando pra mim mesma repetitivamente:

“Eu não sou meu parado de mãos”

Assim, se tiver êxito, não inflar meu ego e se fracassar, não me frustrar.

Meu parado de mãos não me define.  

O propósito da Yoga é nos ajudar a aceitar a nós mesmos e aflorar nossas melhores qualidades. 

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 5. Confiança em mim mesma e nos outros


Através da minha busca de práticas holísticas que complementassem meu ser em constante mutação, encontrei o Acroyoga, disciplina derivada das práticas de Yoga, Acrobacia e Massagem Tailandesa.

Acroyoga é uma pratica que no começo me parecia muito desafiadora, e por isso me atraiu, me tirou completamente da zona de conforto dentro da minha pratica de asanas.

Me permitiu abrir o coração a uma pratica cada vez mais minha, mais livre e mais interativa com meu estado físico-mental e com as pessoas ao meu redor a través de 6 palavras mágicas: 

Confiança, comunicação, entrega, força, conexão e comunidade.

A prática de Yoga em si é uma atividade solitária, onde se trabalha em si mesmo, e as variáveis sempre dependem de você mesmo.

Em Acroyoga, as variáveis são mais amplas, e dependem, não só de você,  mas também da confiança, que eu definiria como a credibilidade na integridade, na força, na habilidade e na clareza em uma outra pessoa e em você mesmo.

Em Acroyoga se trabalha na interação de si mesmo (flutuações internas) e também na interação com os outros. 

Numa pratica na qual a consciência espacial torna-se relativa na hora de tirar o pé do chão, é fundamental aprender a ter uma comunicação eficiente e direta, porém amorosa.

Também, na hora de lidar com habilidades ainda pouco desenvolvidas, a importância da comunicação encorajadora e evolutiva é o que realmente faz a diferença pra avançar de uma maneira divertida.

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Uma das coisas mais desafiadoras de voar é entregar o controle.

Como voador, você deve se entregar ativamente à guia da sua base pra que assim, o trabalho dele, fique mais fácil.

Como na vida, você nem sempre tem o controle da situação.

No nível físico, Acroyoga ajuda a construir força e flexibilidade rapidamente.

Também melhora o equilíbrio e a estabilidade nas posturas que faz sozinho. 

No nível emocional e mental, a consciência corporal e espacial aumentam pois as transições podem chegar a parecer um quebra-cabeças.

E o aspecto de trabalhar com várias pessoas, ajuda a desenvolver a capacidade de resolver problemas de maneira mais simples e eficiente.

Essa qualidade desenvolvida permite lhe lidar com problemas do dia a dia  de uma maneira determinada e efetiva. 

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As pessoas que praticam Acroyoga com você, muitas vezes estão lhe ajudando a superar um medo ou uma crença limitante sobre você mesmo.

Elas estão lhe ajudando a encontrar um entendimento mais profundo do seu corpo e da sua mente, estão lhe ajudando a se transformar.

Mesmo que você não perceba, o intercambio de emoções, e contato físico criam uma conexão bem especial.

O resultado das qualidades anteriores, considero que se resumem no meu novo entendimento sobre a necessidade do ser humano pertencer a uma comunidade. 

Comunidade onde as pessoas te levantam física e emocionalmente. 

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Estas transformações após ter completado o Certificação de Acroyoga, sinto que enriqueceram não só minha prática de Yoga e Acroyoga, mas realmente transcenderam minha vida a outro patamar. 

Namastê!

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Texto e fotos autorais

 

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