É verdade que a morte é um assunto tabu em muitas sociedades ocidentais de hoje, um tabu que se espalhou pelo mundo desde que a influência ocidental dominou em muitos cantos do planeta.

A nossa forma de ver e tratar a morte é adquirida através da aprendizagem da cultura na qual se está imerso, é por isso que existem várias maneiras de ver este fenômeno natural em todo o mundo.

O México continua sendo um país mestiço e tem uma visão de mundo a partir de uma mistura de várias culturas que viveram no país.

Antes da chegada dos espanhóis, culturas pré-hispânicas tinham uma visão muito natural da morte, marcada num contexto social onde tudo era regulado por ciclos, assim, também a morte era apenas mais um passo no ciclo de vida da pessoa; no entanto, isso não significa que gostavam da ideia de morrer, mas ao ser alguém sacrificado, significava que restabeleceria o equilíbrio entre o mundo dos deuses e dos homens, e teria um lugar de descanso eterno ao lado do Deus Sol.

Quando os espanhóis chegaram implantado o catolicismo num grande processo de aculturação, conseguiram alterar algumas das maneiras de ver e de pensar das pessoas próprias do México.

O medo da morte chegou. Mas permanece uma esperança de salvação e de vida eterna para sempre se eles atenderem as normas estabelecidas pela igreja.

É neste ponto em que a maneira de olhar pra morte no atual México emerge: Os nossos entes queridos que morreram, uma vez por ano voltam do além para visitar e lembrar-nos com os aspectos e as virtudes que os caracterizavam quando eles estavam com vida. Isso ajuda o processo de aceitação da morte, e a esta tradição vem a imagem de uma morte suave com o qual podemos rir e falar.

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É uma maneira social de assimilar o fato de que algum dia iremos morrer, o que é natural e um processo que ninguém pode ser salvo.

Maurício Melgarejo é designer gráfico com pós-graduação da Escola Nacional de Artes Plásticas UNAM, México. Durante 12 anos praticou a ilustração profissionalmente e em abril de 2013 ele decidiu começar seu trabalho artístico independente, sob o pseudônimo de “Orate“.

O conceito de um “Orate Calaveras” é inspirado nas caveiras mexicanas tradicionais que, além de um culto à morte, se referem especialmente à visão física, energética e espiritual que, como povo, torna aos mexicanos únicos no planeta.

Independentemente da condição ou sexo, sem exceção, todos carregamos uma caveira no rosto. Cada indivíduo, tem suas próprias cores e formas que os tornam perfeitamente descrevíveis e fazem então existir em nossa memória.

O crânio é um objeto altamente simbólico e seu significado é determinado pela cultura; no México, Santiago Hernández (1832 – 1908), litógrafo extraordinário, foi o primeiro que ilustrou crânios e esqueletos; depois, Manuel Manilla e posteriormente José Guadalupe Posada retoma os desenhos com caveiras, foi este último que consegue transformar o crânio em “Calavera“, um verdadeiro costume mexicano carregado de ironia, humor e sarcasmo

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