Se um único ser humano compreender radicalmente o problema do medo e o resolver, não amanhã ou em algum outro dia, mas instantaneamente, ele afetará a consciência total da humanidade. Isso é um fato. Como tenho dito, sua consciência não é propriedade privada sua; ela resulta do tempo, de milhares de incidentes, de experiências, que são montadas pelo pensamento. Essa consciência está em movimento constante. É como uma corrente de água, um vasto rio do qual você faz parte. Portanto, não há particularização; e, se você examinar isso profundamente, não há individualidade. Você pode não gostar disso, mas examine-o. Indivíduo significa uma entidade não dividida, indivisível, que não está fragmentada, que não está partida, mas sim inteira. Entretanto, muitos de nós, infelizmente, estamos fragmentados, quebrados, divididos, como o resto do mundo – infelizes, preocupados, confusos, sofrendo, com dores, assustados. E qual a raiz do medo? A ânsia de se tornar causa medo; ser, conseguir, e assim depender engendra o medo. O estado do não-medo não é negação, não é o oposto de medo e nem é coragem. Compreendendo a causa do medo, há a sua interrupção, não o se tornar corajoso, pois em todo tornar-se existe a semente do medo. Depender de coisas, de pessoas, ou de ideias gera medo; a dependência vem da ignorância, da falta de autoconhecimento, da pobreza interior; o medo causa incerteza da mente-coração, impedindo a comunicação e a compreensão. Através da consciência de si, nós começamos a descobrir e então compreender a causa do medo, não só o superficial, mas os profundos medos acumulativos e casuais. O medo é tanto inato como adquirido; ele se relaciona com o passado, e para libertar o pensamento-sentimento dele, o passado deve ser compreendido através do presente. O passado está sempre querendo dar vida ao presente que se torna a memória identificada do “eu” e do “meu”. O ego é a raiz de todo medo. Fonte: J. Krishnamurti, Total Freedom, p 302, The Book of Life FotoCapa Comentários