Sempre tive o sonho de ir para Índia, por alguma intuição que não sabia explicar…  Em 2011, recém-formada em arquitetura e namorando à distância com meu atual marido brasileiro, resolvi trabalhar no exterior, fora do México, meu país natal.

Sem muitas opções de intercâmbio, comecei a me deixar levar pelo que o universo trouxesse para mim. Foi assim que começou uma viagem para Índia, o lugar mais longe que estive e o que mais fez meu coração se sentir aconchegado.

Pavão é um dos símbolos da Índia, representa sua exuberância, simpatia e beleza

Eu em frente ao rio Ganges escrevendo minhas memórias sobre a Índia – Rishikesh 
Foto: Carla Bricaire, 2011

Cheguei à cidade de Hyderabad, no Estado de Andhra Pradesh, para trabalhar numa empresa de arquitetura. Depois de um mês, já com um grande amor declarado por este país graças ao acolhimento da família Raju (família de meu chefe), minha verdadeira vocação foi surgindo e o universo foi traçando o caminho de tal jeito que todos os sonhos que alguma vez tive, mas que guardava como fantasias, acabaram virando realidade, desencadeando, assim, uma série de eventos que parecem tirados de contos de fada.

Mãe-pedreira lanchando com a filha que lhe acompanha ao trabalho, a construção que ficava na frente do prédio onde morei em Hyderabad. O que me admira é que estavam sempre simpáticos e demostrando felicidade, mesmo não estando em ótimas condições financeiras. 
Foto: Carla Bricaire, 2011

Cada vez que os Raju sabiam de alguma coisa do país deles que me apaixonava, tentavam me incluir o máximo possível naquela experiência.

Quando souberam do meu interesse por Yoga, por exemplo, fizeram de tudo para eu conseguir uma vaga de última hora para ir ao “International Yoga Festival”, em Rishikesh onde pela primeira vez tive a experiência de viver a rotina num “ashram” e aprofundar verdadeiramente meus conhecimentos em Yoga, como filosofia de vida.

Cenário principal do “International Yoga Festival” – fim de tarde.  Entrada principal do Ashram “Parmarth Nikethan” em Rishikesh 
Foto: Carla González Ramos, 2011
Professor de Yoga de 105 anos no Ashram “Parmarth Nikethan” em Rishikesh Foto: Carla González Ramos, 2011

Parecia que quanto mais perto ficava das coisas que verdadeiramente tocavam meu coração, mais tudo ia fazendo sentido. Quando voltei ao trabalho no escritório de arquitetura em Hyderabad, onde apesar de já ser uma metrópole, o clima pacífico e espiritual é sentido no ar, estabeleci uma rotina semelhante a que tinha no ashram, mudando até minha dieta para vegetariana.

Estátua de Buddha no lago “Hussain Sagar”, em Hyderabad 
Foto: Carla Bricaire, 2011
Estatua no templo “Birla Mandir” em Hyderabad 
Foto: Carla Bricaire, 2011
Golkonda Fort” em Hyderabad 
Foto: Carla Bricaire, 2011
Meninos no “Golkonda Fort” em Hyderabad 
Foto: Carla Bricaire, 2011
Meninas saindo da escola no “Golkonda Fort” em Hyderabad 
Foto: Carla Bricaire, 2011

Logo depois, os Raju perceberam que eu vivia um amor à distância e bastou eu falar da vontade que tínhamos de casar, que, no dia seguinte, eles já estavam arrumando um grande casamento indiano para nós.

Demorou uma semana para o Tales e parceiro do yogui.co, meu atual marido, chegar ao país, mas logo que ele descansou do longo vôo fomos para nossa cerimônia de casamento brilhante, colorida e cheia de calor humano, que durou quase o dia todo, com direito a manjares vegetarianos indianos e muitas bênçãos: primeiro na casa dos Raju e depois no templo hinduísta.

A lua-de-mel nós resolvemos ir para Goa, antiga colônia portuguesa na Índia, hoje em dia a cidade que mais parece uma série de vilarejos atracados no tempo e na floresta, onde gente do mundo todo se mistura com o objetivo de aproveitar o lugar onde nasceu a música trance – derivada originalmente dos hipnotizantes mantras indianos – e conhecer o primeiro mercado de pulgas do mundo, meca da história do intercâmbio comercial mundial.

De novo, muitas cores e muita informação visual entravam estranhamente num tom bem harmonioso pelas ruas, apesar dos contrastes sociais que se apreciavam por todo lugar.

Primeira cerimonia de casamento na casa dos Raju, Hyderabad 
Foto: Milli (amigo fotográfo)
Cerimônia de casamento no templo, Hyderabad 
Foto:  Milli (amigo fotográfo)
Cerimônia de casamento na festa, Hyderabad 
Foto:  Milli (amigo fotográfo)

Passou tudo muito rápido, até que o Tales precisou voltar ao seu país, o Brasil, e eu fiquei por mais um tempo na Índia, sabendo de alguma forma que ainda não tinha consolidado essa transformação que por dentro sentia que já estava acontecendo.

Voltei a trabalhar, mas minha fome por Yoga ficou maior e desta vez eu fiz de tudo para conseguir uma vaga num dos tão disputados cursos para professores de Yoga, na Índia.

O destino me levou a fazer o “Teacher Training” em Dharamshala, cidade de exílio dos tibetanos e base do Dalai Lama. Depois de duas horas de estrada sinuosa numa van que passava a centímetros da beirada das montanhas dos Himalaias, descobri um povo e uma paisagem únicos, que me acompanharam como cenário durante um mês, numa viagem ainda mais longe, para dentro de mim.

Templo no monastério tântrico, Dharamshala 
Foto: Carla Bricaire, 2011

Curso Yoga – Dharamshala 
Foto: Carla Bricaire
Curso Yoga – Dharamshala 
Foto: Carla Bricaire, 2011

Depois do curso de Yoga nos Himalaias que durou 1 mês intensamente de classes de asanas, filosofia, cosmologia, anatomia, pranayama, Kriya Yoga  continuei conhecendo outros lugares encantadores da milenar Índia. E entendi porque esse país encanta tanto e inspirou tantas e tantas pessoas durante milênios.

Taj Mahal, Angra 
Foto: Carla Bricaire
Templo Baha’i, Delhi 
Foto: Carla Bricaire
Mulheres no Taj Mahal, Angra 
Foto: Carla Bricaire, 2011

Para viajar para Índia tem várias maneiras, de trem, avião, carro. Em Rishikesh tem pequenos hotéis, hostel. Em Dharamshala, a cidade base do Dalai Lama e refúgio dos tibetanos tem uma energia incrível, existe casinhas para alugar, também pequenos hotéis e ashram. Em Delhi existem centenas de hotéis 5 estrelas, e para todos os gostos. Mas como na Índia é um pouco complicado se direcionar senão conhece bem, muitas ruas não tem nome e GPS na maioria das cidades não funciona bem, então o ideal é programar sua viagem antes.

Nesta viagem, atravessei um sentimento de solidão nunca antes vivido, o pior dos obstáculos: meu eu inferior. Digo que atravessei, pois depois consegui descobrir a autenticidade e riqueza da existência eterna do meu eu maior e a conexão dele com o divino. Foi então que eu senti que culminava a transformação pela qual eu devia passar neste país, com a satisfação como se fosse a mesma de ter conquistado o topo de uma das mil montanhas dos Himalaias, tendo de guia o meu coração.

Os frutos da disciplina de Yoga 
Foto: Shiv Kumar

Se tiver qualquer dúvida sobre minha jornada ou alguma dúvida sobre yoga que eu possa lhe ajudar, nao hesite em me contatar pelo instagram que é onde estou mais disponível para responder.
Me envie um Direct.
Instagram: @pratiqueyogaemcasa

E confere o post que fiz sobre as impressões de como é a Yoga na Índia Vs. Yoga no Ocidente  

 

Comentários